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quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

RESENHA PRIMÓRDIOS

 Padre Antônio Seganfredo – Barba Toni

Segundo missionário Scalabriniano no Rio Grande do Sul

Nasceu em Mason Vicentino-VI-Itália em 12 de junho de 1851, filho de Pellegrino

Seganfredo e Maria Volpato. Emigrou para o Brasil no inicio da década de 1880

para trabalhar como operário na abertura de estradas coloniais. Empregou-se

como cozinheiro e reunia os compatriotas para rezar á noite o que lhe rendeu o

apelido de capelão. Sentiu então um chamado vocacional e resolveu depois de anos

de trabalho entre Bento Gonçalves e Veranópolis voltar para a Itália e estudar

para tornar-se padre. Foi aceito no Instituto Mander de Fonte Alto -TV, voltado à

vocações maduras e posteriormente no Instituto para Emigrantes em PIACENZA,

fundado por Dom Giovanni Battista Scalabrini. Foi ordenado padre em 31 de

março de 1895 com 44 anos de idade. No seminário tinha o nikename de Barba

Toni, porque já era um homem de meia idade, o que quer dizer em uma

linguagem local “TIO TONI. Em 1896 foi enviado para a Colônia Alfredo

Chaves chegando em setembro. Instalou-se na casa do irmão Giuseppe Seganfredo

que havia emigrado em 31 de dezembro de 1891 e desde março de 1892 estava

ocupando o lote 37 na linha IX no território da atual Nova Bassano. Ali tinha uma

pequena igrejinha em madeira perto do monte Pareo, começou a trabalhar mas

como os colonos das linhas IX e X disputavam o local da construção de uma Igreja

maior começaram a litigar entre si, retirou-se para a Capoeiras, onde havia uma

pequena igreja em madeira nas terras do fazendeiro Antônio Silvério de Araújo.

Ali Começou a desenvolver a missão entre os colonos. No final de outubro no

mesmo ano chegou também o padre Pedro Colbacchini. O padre Pedro era o chefe

da missão, mas como os dois padres eram muito diferentes no modo de atuar o

padre Antônio Seganfredo permaneceu em Capoeiras e o padre Pedro Colbacchini

foi para a região da atual Nova Bassano onde se instalou temporariamente na casa

de um colono na linha X. O padre Antônio Seganfredo permaneceu nessa missão

entre Capoeiras, atual Nova Prata, Protásio Alves e arredores de 1896-1912

quando teve um mal súbito e faleceu na Santa Casa de Misericórdia em Porto

Alegre onde foi sepultado. No ano 1915 exumaram o corpo e os restos mortais

foram transladados para Capoeiras onde uma grande multidão esperava o cortejo.

Foi sepultado na capela maior da Igreja de São João Batista onde em uma lápide

de mármore estava escrito “- Ao padre Antônio Seganfredo missionário carlista

fundador desta igreja por 14 anos pastor muito amado.Capoeiras

reconhecida.1851-1912.

Durante os anos em que ali exerceu seu papel de missionário incentivou os

agricultores a solicitar ao governo provincial escolas para as capelas, visitava as

famílias de imigrantes até 100 km de distância a pé e a cavalo, esteve junto com os

imigrantes quando em 1906 houve uma grande seca na região, as águas secaram, o

calor propiciou o surgimento de nuvens de gafanhotos que devoraram as

plantações, houve um surto de tifo e morreram muitas pessoas, o que o obrigou a

atender de norte a sul incessantemente os doentes.


De temperamento extrovertido, gargalhava contando histórias, cantava nas rodas

nos dias das festas religiosas , ensinava remédios caseiros que aprendera com os

nativos aos colonos, por isso era muito procurado e amado. Dom Giovanni

Battista Scalabrini escreveu enquanto estava visitando a região em 1904:

“_O Pe. Seganfredo sente extremamente a falta de um colega. Imaginem que para

chegar de uma parte à outra da missão é preciso viajar até quatro dias a cavalo.

Frequentemente , ao regressar de um núcleo é chamado para outro, mais ou menos

– ou melhor-sempre-distante. Ficarei aqui até sábado para administrar a crisma e

tratar de outros assuntos. Às 12 horas partirei para nova Bassano , distante

apenas quatro horas .Estou hospedado numa casa nova ,de madeira juntamente

com Carlos e o Pe. Marcos . Há uma igreja muito bonita, quase terminada,

dedicada a São João Batista; benzê-la-ei solenemente amanhã ou depois. É obra

do bondoso Pe. Seganfredo que, com seu zelo e sua piedade , conquistou a

veneração de todos.”

Depois da morte dele em 1912 a paróquia permaneceu na direção dos

scalabrinianos até 1918. Dali em diante foi gerida pelos padres seculares. Com a

construção da igreja atual em Nova Prata a primeira foi desativada, os restos

mortais dali retirados e, dizem, enviados para Nova Bassano para que dessem a

devida destinação. Algo aconteceu neste intervalo de tempo e não sabemos mais

onde foram parar, não temos um lugar de sepultura para visitar. Pela mudança de

gestão daquela paróquia e por não ter um lugar de sepultura a história dele foi

esquecida até o tempo presente . Mas como o tempo se encarrega de resolver

certos esquecimentos, pôde ele mesmo contar sua história através do resgate das

cartas manuscritas desde o arquivo geral da Congregação dos Padres

Scalabrinianos em Roma.


Giuseppe Seganfredo- pioneiro no povoamento de Nova Bassano (então Colônia

Alfredo Chaves)

Giuseppe Seganfredo nasceu em 13 de novembro de 1853 em Mason Vicentino-VI-

Itália- filho de Pellegrino Seganfredo e Maria Volpato. Casou-se com Margherita

Marcon em 25 de novembro de 1875. Em 15 de dezembro de 1891 partiram de

Mason emigrando para o Brasil juntamente com os 5 filhos. Na mesma data partiu

Lucia Seganfredo com o marido Girolamo Lovison e os 3 filhos. Embarcados no

navio a vapor Solferino chegaram no porto do Rio de Janeiro em 26 de janeiro de

1892.Em meados de março de 1892 chegaram em Porto Alegre embarcados no

paquete Iris e já foram encaminhados para se estabelecer no lote 37 da Linha IX

,Ramiro Barcellos, perto do monte Pareo. Dos 5 filhos nascidos na Itália Lino

faleceu em solo riograndense logo ao chegar e como não encontramos certidão de

óbito pode ter sido sepultado na beira da trilha que conduzia os primeiros

povoadores até seu destino final, como costumavam fazer. Na beira destas trilhas

havia muitas cruzes- contavam os nossos anciãos.Em 1894 nasceu outro menino ao


qual deram o nome de Lino Marcon Seganfredo, e mais outro menino em 1896

Riccardo. Pellegrino (1880) casou com Catterina Seganfredo, Maria(1884) casou

com Francisco Balzan, Antônio(1885) casou com Giovanna Caldieraro, Catterina

(1891) casou com João Caron, Lino(1894 )casou com Virgínia Barbisan) Riccardo

(1896)casou com Francisca Anzolin.

Giuseppe foi um dos agricultores que começou a movimentar os compatriotas da

linha IX para solicitar um padre para atender os imigrantes nessa parte da região

de Alfredo Chaves.

Sempre foi agricultor e ali faleceu em 10 de junho de 1919 . Margherita Marcon

faleceu em 5 de agosto de 1916. Ambos foram sepultados em Nova Bassano.

Desta família podemos destacar Pellegrino Seganfredo, o primogênito, que foi

professor por diversos anos em uma escola para os filhos dos imigrantes ensinando

ler e escrever em português.


Carlo Seganfredo- nasceu em 8 de outubro de 1858 , irmão de Antônio, o

missionário, de Lúcia e de Giuseppe. Casou-se com Maria Giovanna Nicoli em 28

de janeiro de 1885. Emigrou para o Brasil em 4 de abril de 1897 com os 7 filhos e

os pais Pellegrino de 81 anos e Maria Volpato de 69 anos. Aportaram no Brasil no

inicio de maio. Depois de 3 meses trabalhando em uma lavoura de café em Minas

Gerais vieram para o Rio Grande do Sul, na mesma Colônia Alfredo Chaves.

Ficaram por ali esperando ser designado um lote de terras e enfim em 1898 foram

se estabelecer na mesma linha IX vizinhando com Giuseppe e Lucia. Abriram uma

bodega de Secos & Molhados, comum na época, com produtos que eram de

necessidade dos colonos. Infelizmente em um dia que passava um cortejo de

casamento dispararam um morteiro que caiu em cima do telhado de madeira e

queimou a casa e a bodega. Construiram outra casinha de madeira ali, mas como

estavam sem nada foram morar em Nova Bassano, que começava a prosperar , em

uma grande casa de madeira onde abriram uma pequena pensão com refeitório.

Tiveram 12 filhos que se casaram em Nova Bassano, 7 italianos e 5 brasileiros.

Catterina(1882) casou com Pellegrino Seganfredo, Amália(1885) casou com

Agostino Segalin, Maria( 1886) Casou com Natale Luigi Signori, Cirillo(1888)

Casou com Maria Soccol, Assunta(1890) casou com Angelo Zandoná,

Lino(1893)casou com Thereza Parisotto. Livia(1896)Casou com Francisco Tecchio,

Gilberto(1899)Casou com Maria Tecchio, Florinda(1900) casou com Francisco

Tonin, Sylvio(1902) casou com Palmira Vanzin, Luis Ernesto(1904)casou com Elisa

Tedesco, Augusto(1907) casou com Maria Segalin.

Destes filhos dois se destacaram em Nova Bassano, sendo Cirillo professor e

maestro da Banda Bassanense , ativa no ano de 1915. Sylvio fundou uma

cooperativa denominada Cooperativa Mista Bassanense, cita à rua Duque de

Caxias , 29. Ali vendiam tudo o que os agricultores precisavam, desde ferramentas

agrícolas, arames, pregos, fumo de rolo, inseticidas, sementes e também ferraduras


e arreios para os cavalos. Fundada ali pelo ano de 1959, funcionou por muito

tempo sob o comando de Sylvio e do filho deste Eloi Benito, posteriormente acabou

encerrando as atividades.

Destas famílias também se originaram profissionais liberais, atuando em várias

atividades, muitas famílias migraram para outros lugares do Rio Grande do Sul,

Santa Catarina, Paraná e no tempo presente estão praticamente em todos os

Estados do Brasil


Fontes de pesquisa:

Seganfredo Ana , Seganfreddo Alessandro-Uma Família, Uma História- 2018-

AllPrintEditora-Erechim

Baréa Dom José- A vida Espiritual nas Colônias Italianas -RS-EdiçõesEST

SEGANFREDO

 RELATO DOS PRIMÓRDIOS NA REGIÃO DA COLÔNIA ALFREDO CHAVES

Ana Maria Seganfreddo


Introduzo esse relato sobre meus antepassados imigrantes italianos na  Colônia Alfredo  Chaves então com as informaçoes    que obtive ao longo de anos de pesquisa, mas também por ser filha de um bassanense,

Cornélio Seganfredo que ali viveu na linha décima até os 25 anos quando se transferiu para

Ciríaco onde se casou e se estabeleceu como agricultor .

Uma vez ao ano ele e outros agricultores migrados de Nova Bassano visitavam o lugar de

nascimento mais precisamente nas festas das comunidades São Paulo Apóstolo e São Roque

nas festas dos padroeiros onde tinham a oportunidade de encontrar os parentes e conhecidos

que lá permaneceram.lônia Alfredo Chaves, mais precisamente na região da atual Nova

Bassano e arredores relatando FAMÍLIA SEGANFREDO


ANTÔNIO SEGANFREDDO, BARBA TONI


O nosso mais ilustre antepassado , Antônio Seganfredo na primeira estada no Rio

Grande do Sul foi operário na abertura das estradas coloniais e posteriormente no

segundo reingresso missionário scalabriniano.

Nasceu Antônio em Mason Vicentino -VI-_Itália no dia 12 de junho de 1851, filho

primogênito de Pellegrino Seganfredo e Maria Volpato. Emigrou para o Brasil na

década de 1880 com a idade de 31 anos, portanto já adulto.

O que sabemos dele provém da história oral contada por alguns parentes e poucos

escritos de pesquisadores padres scalabrinianos e principalmente pelas inúmeras cartas

que enviou ao fundador da Congregação Scalabriniana Dom Giovanni Battista

Scalabrini e posterior à morte deste ao sucessor superior da Congregação e também

para alguns coirmãos com os quais conviveu no Rio Grande do Sul enquanto trabalhava

na missão da então Colônia Alfredo Chaves.

Antônio Seganfredo era de origem humilde e começou a trabalhar para prover seu

sustento desde os 14 anos , como ele mesmo relatou. Sempre como trabalhador braçal

em Mason Vicentino e arredores sendo que em 1880 estando em Bassano del Grappa

regressou à cidade natal e preparou-se para emigrar para o Brasil.

O apelido de Barba Toni , segundo informações, foi dado porque ele era uma vocação

madura no seminário e significa “TIO TONI”.

Nessa época o governo Provincial do Rio Grande do Sul começou a contratar

operários para a abertura das estradas coloniais até então praticamente inexistentes. Era

necessário melhorar a trafegabilidade nas Colônias para facilitar o deslocamento de

pessoas e transporte da produção agrícola já em expansão. Foi neste tempo que Antônio


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Seganfredo partiu para o Brasil para esse serviço temporário acompanhado de alguns

compatriotas e foram empregados na abertura da principal artéria colonial, a estrada

Buarque de Macedo que partia do porto fluvial de São João de Montenegro até Alfredo

Chaves , atual Veranópolis passando por Garibaldi e Bento Gonçalves. Conta-se que

ele se empregou como cozinheiro do grupo de trabalhadores, mas também exercia

outros serviços braçais. Ele trabalhou mais especificamente entre os atuais municípios

de Bento Gonçalves e Veranópolis. Á noite costumava reunir os trabalhadores dispostos

a rezar e desta forma deram-lhe o apelido de capelão. Desta sua prática cotidiana veio-

lhe a ideia de, após anos de trabalho voltar para a Itália e ingressar em alguma

Congregação religiosa onde pudesse preparar-se para tornar-se padre e posteriormente

voltar ao Rio Grande do Sul e exercer o ministério presbiteral e assim fez .

Chegando na Itália dirigiu-se para Mason Vicentino e ficou uns dias na casa dos

pais. Conversando com a mãe falou-lhes sobre o seu desejo de estudar para tornar-se

padre . Conta a Irmã Mafalda Seganfredo, sobrinha neta dele, que a mãe respondeu”_

como queres te tornar padre se nem te vejo rezar?” Ao que ele respondeu”- Va la...va

la... um Pai Nosso e uma Ave Maria já são suficientes!”. A mãe falou isto porque

naquela época os padres tinham como característica o ascetismo, o que nunca foi o lado

forte dele. Levando adiante o seu ideal foi admitido primeiramente no Instituto Mander

de Fonte Alto- TV, que era apropriado para vocações maduras. Posteriormente,

fechando este dirigiu-se para Piacenza, Emilia Romagna, onde foi admitido no Instituto

para Emigrantes em 26 de setembro de 1892 , este fundado por Dom Giovanni Battista

Scalabrini com o propósito de formar missionários para acompanhar os imigrantes onde

quer que fossem, pois era muito grande o fluxo migratório.

Ali permaneceu estudando teologia até o ano de 1895, quando foi ordenado sacerdote

em 31 de março por Giovanni Battista Scalabrini.

Agora já sacerdote foi enviado para o Rio Grande do Sul em 20 de julho de 1896, a

bordo do navio a vapor Edilio Re, partindo de Nápoles passando pelo Porto de Genova

juntamente com 2200 imigrantes. Assumiu no navio o papel de capelão, onde pode

acompanhar as vicissitudes deles e nessa viajem de reingresso presenciou a morte de

seis crianças e uma mulher jovem.

Do porto de Santos onde desembarcou cumpriu algumas visitas formais encomendadas

por Dom Giovanni Battista Scalabrini e foi a São Paulo visitar o padre Giuseppe

Marchetti, no Instituto Cristóvão Colombo, porém não o encontrou, foi posteriormente

para Curitiba onde visitou Santa Felicidade, onde encontrou os coirmãos naquela

missão e em seguida rumou para o Rio Grande do Sul. Ali foi se apresentar ao bispo da

Provincia porém não o encontrou, rumando então por conta própria para a linha IX

Ramiro Barcellos , no atual município de Nova Bassano onde já estava desde 1892 seu

irmão Giuseppe Seganfredo com a família. Era setembro de 1896.

Pretendia começar seu apostolado ali, onde havia uma pequena Igreja perto do Monte

Pareo, porém como os agricultores das linhas IX e X estavam disputando o local onde

seria erguida uma Igreja matriz começaram a litigar entre si, então ele resolveu sair dali

e ir para outro lugar então chamado Capoeiras ou São João Batista do Herval onde tinha

uma pequena igrejinha em madeira nas terras do fazendeiro Silvério Antônio de Araújo


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dedicada a São João Batista. Começou ali a atender os agricultores exercendo todas as

obrigações de um missionário.

No final de outubro do mesmo ano chegou naquela Colônia também o padre Pedro

Colbacchini, que já havia trabalhado na missão do Paraná, depois retornara à Itália e

agora novamente no Brasil, mas na missão do Rio Grande do Sul.

Este contava com a ajuda do padre Antônio Seganfredo, que deveria ser seu coadjutor,

porém ambos eram dotados de uma personalidade forte e não combinavam muito como

companheiros de trabalho, ficando então o primeiro radicado em Capoeiras de 1896

quando retornou da Itália como padre até aproximadamente 1910 quando adoeceu

gravemente e voltou por um período à Itália para se tratar. Depois que retornou da Itália

permaneceu uma temporada em Porto Alegre atendendo os imigrantes que continuavam

chegando, porém na manhã do dia 23 de dezembro de 1912 teve um mal súbito e

morreu na Santa Casa de Misericórdia .

Padre Antônio Seganfredo por ter sido operário antes de se tornar padre tinha

facilidade em se misturar com a população durante os festejos paroquiais, participava

das rodas de canto, pois amava cantar. Cantava enquanto percorria longas distâncias a

cavalo no meio dos matos, onde ia até cem quilômetros de distância a visitar famílias

por ali dispersas. Também gargalhava, o que parecia um absurdo para um padre da

época.

Mas era bem quisto, ensinava remédios caseiros que aprendera com os caboclos da

região e na ausência de médicos era bastante procurado quando algum paroquiano

adoecia.

Quanto aos coirmãos foi muito criticado por vários motivos: um foi o de não ter

obedecido uma das regras da Congregação que era de permanecer sempre dois padres

no local da missão.

Outra crítica era a de ser nepotista por ter acolhido os pais e a família do irmão Carlo

por aproximadamente dois anos na residência paroquial, pois estes ao chegarem da

Itália , sem saber falar português foram parar com uma leva de imigrantes em uma

fazenda de café em Minas Gerais. Além disso foi até lá busca-los e os conduziu ao Rio

Grande do Sul, pela distância de ida e volta ficou fora da missão por quase quatro meses

sem a autorização do superior.

Em uma das cartas escrita em 1897 e enviada para Dom Giovanni Battista Scalabrini expressou

sofrimento. Escreveu: “- Eis a vossos pés o último de vossos missionários. Me sinto cansado e

deprimido pelas calúnias que sou obrigado a ouvir do padre Pedro.”

Mas também enfrentou adversidades quando em 1906 ocorreu uma grande seca

na região. Secaram as águas, secou o pasto e favoreceu o aparecimento de grandes

nuvens de gafanhotos que devoraram todas as plantações deixando a todos na miséria.

Também uma epidemia de tifo matou muita gente obrigando-o a passar muitas horas a

cavalo e a pé indo atender os moribundos.

Mas teve a audácia de construir juntamente com os colonos uma Igreja em alvenaria,

começando em 1898 . A mesma foi inaugurada por Dom Giovanni Battista Scalabrini


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na sua visita pastoral em 1904. Em seu diário de viagem Dom Giovanni Battista

Scalabrini escreveu enquanto estava visitando a região :

“_O Pe. Seganfredo sente extremamente a falta de um colega. Imaginem que para chegar de uma

parte à outra da missão é preciso viajar até quatro dias a cavalo. Frequentemente , ao regressar de

um núcleo é chamado para outro, mais ou menos – ou melhor-sempre-distante. Ficarei aqui até

sábado para administrar a crisma e tratar de outros assuntos. Às 12 horas partirei para nova

Bassano , distante apenas quatro horas .Estou hospedado numa casa nova ,de madeira juntamente

com Carlos e o Pe. Marcos . Há uma igreja muito bonita, quase terminada, dedicada a São João

Batista; benzê-la-ei solenemente amanhã ou depois. É obra do bondoso Pe. Seganfredo que, com

seu zelo e sua piedade , conquistou a veneração de todos.”

No ano de 1915 os restos mortais do Pe.Antonio foram trasladados de Porto Alegre

onde estava sepultado e trazidos para Capoeiras fato este que causou uma grande

comoção, e uma multidão foi recebe-los a 10 km de distância para acompanhar o

cortejo e sepultados foram na Capela Maior daquela Igreja que construíra junto com

seus paroquianos, tendo uma inscrição em uma lápide de mármore que dizia” -Ao

Reverendo Pe. Antônio Seganfredo, missionário carlista, fundador desta Igreja por 14

anos pastor muito amado, Capoeiras reconhecida: 1851-1912.

Porém com a construção da atual Igreja de Nova Prata os restos mortais dele foram

retirados daquela Igreja primeira e dizem que foram enviados para Nova Bassano, pois

a paróquia já não era gerida pelos scalabrinianos. Neste trajeto ninguém mais soube que

fim tiveram, não há um lugar de sepultura para que possamos visitar. Mas, seja lá o que

tiver acontecido, o que permanece é o exemplo de sacerdote, um homem que parecia ser

rude, mas que tinha um coração compassivo, um verdadeiro apóstolo de Jesus.


GIUSEPPE SEGANFREDO


Giuseppe Seganfredo nasceu em 13 de novembro de 1853. Irmão de Antônio

Seganfredo, o missionário , emigrou para o Brasil juntamente com a esposa Margherita

Marcon e os cinco filhos do casal, partindo de Mason Vicentino em 15 de dezembro de

1891. No mesmo dia partiu também sua irmã Lucia Seganfredo nascida em 12 de junho

de 1856, casada com Girolamo Lovison e os três filhos . Foram incentivados a emigrar

por Antônio Seganfredo que já havia retornado para a Itália. Antônio alimentava um

sonho que era de reunir toda a família no Rio Grande do Sul.

Giuseppe Seganfredo embarcou com a família no vapor Solferino e aportou no Rio

de Janeiro em 26 de janeiro de 1892. Logo em 16 de março de 1892 embarcou com a

família no navio Iris e em 19 de março já estava no Rio Grande do Sul onde foi

encaminhado para a Colônia Alfredo Chaves, na linha IX, Ramiro Barcellos, ocupando

o lote 37.

Como havia combinado com o irmão Antônio, ali chegando começou a movimentar

os colonos para solicitar a vinda de um padre para atender essa parte da Colônia. Foi

muito ativo nesta busca, porém , apesar de ter Lucia Seganfredo com a família morando


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na mesma linha, mais tarde também a família de Carlo se estabeleceu ali, os irmãos

Seganfredo realizaram o sonho em parte, porque Antônio escolheu permanecer em

Capoeiras, atual Nova Prata e Luigi , o caçula permaneceu na Itália, não conseguiu

embarcar em 1897 pois a esposa Giullia Bellinaso estava grávida. De Luigi descendem

nossos parentes italianos de Maróstica.

Giuseppe Seganfredo sempre foi agricultor e morou sempre nesse endereço onde

faleceu em 10 de junho de 1919.

Dos filhos nascidos na Itália o menino Lino, que nascera em 1887 faleceu depois de

chegar ao Rio Grande do Sul, porém não sabemos onde foi sepultado, talvez na beira da

trilha percorrida até chegar ao destino final, como acontecia seguidamente.

No Brasil nasceram mais dois meninos, a um deles deram o nome de Lino Marcon

Seganfredo ,(ano de 1894) para homenagear o irmão . Este posteriormente casou-se

com Virgínia Barbisan. Riccardo Marcon Seganfredo também nasceu no Brasil em

1896 se casou com Francisca Anzolin. Pellegrino,(ano 1880) meu avô, casou-se com

Catterina Seganfredo, e eram primos. Maria (ano 1884) casou-se com Francisco Balzan,

Antônio (1885) casou-se com Giovanna Caldieraro e Catterina( ano 1891) casou-se com

João Caron.

Margherita Marcon faleceu em 5 de agosto de 1916. Tanto Giuseppe quanto Margherita

permaneceram sempre em Nova Bassano e ali também foram sepultados.


LUCIA SEGANFREDO


Lucia Seganfredo nasceu em 12 de junho de 1856 em Mason Vicentino-V - Itália.

Girolamo Lovison nascido em 22 de junho 1851 casou-se com ela no dia 24 de janeiro

de 1877.

Partiram de Mason Vicentino no mesmo dia de Giuseppe Seganfredo, 15 de dezembro

de 1891, como consta no Foglio de Famiglia. Vieram trazendo três filhos Luigi,

Catterina e Andrea. No Brasil nasceram mais dois filhos: Giovanni Battista e Antônio.

Estabeleceram-se na linha IX, Ramiro Barcellos , lote 35 , mas possuíam outro lote na

linha 31, no ano de 1892, portanto quatro anos antes do padre Pedro Colbacchini ali

chegar.

Lucia faleceu em 28 de dezembro de 1941, no lote 31 da linha Ramiro Barcellos, por

isso deduzimos que ali foi construída a casa. Girolamo faleceu em .8 de junho .de 1922

.em Nova Bassano onde foi sepultado .

Luigi (ano de 1886) casou-se com Ângela Carollo, Cattterina (ano 1887) casou-se com

Camilo Sasso, Andrea( 1879) casou-se com Fortunata Anzolin, Giovanni Battista (ano

de 1893) casou-se com Emilia Dalla Costa, Antônio( 1900) casou-se com Aurélia

Lazzarotto e posteriormente com Ursula Zortea.

Deduzimos que Giuseppe Seganfredo e Girolamo Lovison com suas famílias partiram

de Mason no ano de 1891 chegando no Rio Grande do Sul no inicio de 1892, sendo


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ambos considerados pioneiros entre as primeiras famílias que se estabeleceram na

região de onde surgiu posteriormente Nova Bassano.

Desta família originou-se uma grande descendência, uns permaneceram em Nova

Bassano, outros migraram para outras regiões e exercem variadas profissões.


CARLO SEGANFREDO


Carlo Seganfredo nasceu em oito de outubro de 1858 em Mason Vicentino, VI_ Itália

e casou-se com Maria Giovanna Nicoli em 28 de janeiro de 1885. Faleceu em Nova

Bassano em 17 de maio de 1945.Maria Giovanna Nicoli nasceu em.14 de agosto de

1861 e faleceu em 11 de janeiro de 1933. Ambos foram sepultados em Nova Bassano.

Carlo Seganfreddo partiu de Mason Vicentino em 30 de março de 1897 com os sete

filhos. Trouxeram consigo também o velho pai Pellegrino. e Maria Volpato . Também

os acompanhava até o porto de Genova o irmão Luigi com os filhos e a esposa Giullia

Bellinaso. Como esta estava em adiantado estado de gravidez não foi admitida no navio,

então essa família retornou para Mason e ali permaneceram, ficando assim a família

dividida.

Quando chegaram no porto do Rio de Janeiro sem saber falar o português seguiram

juntamente com uma leva de imigrantes para uma fazenda de café em Minas Gerais

onde permaneceram por alguns meses até conseguirem se comunicar com o padre

Antônio Seganfredo que já estava em Capoeiras e este, aconselhado por alguns

coirmãos partiu no dia dois de julho e retornou com eles em .oito de setembro.

Chegando no Rio Grande do Sul deixou os pais e a cunhada com duas crianças menores

em São João de Montenegro e caminhou dali acompanhado do irmão e 5 sobrinhos por

três dias embaixo de uma chuva torrencial até chegar em Capoeiras. Em uma das cartas

onde narra o fato a Dom Giovanni Battista Scalabrini escreveu –“ cheguei doente, mas

vivo.”

Carlo , talvez por ter sido enviado a outra região chegando na Colônia Alfredo Chaves

ficou sem propriedade rural, o que o obrigou a permanecer por dois anos em Capoeiras

com o irmão Padre Antônio.

Em 1900 já se instalou perto do irmão Giuseppe, na linha IX. Ali permaneceu por

algum tempo e abriu uma bodega de Secos & Molhados, produtos que eram de

necessidade básica dos colonos. Infelizmente um certo dia, passando um cortejo festivo

de casamento estourando morteiros uma faísca caiu em cima da casa de madeira que

incendiou e a perda foi total. Construíram ali uma outra pequena casa, mas com o passar

do tempo deixaram ali um dos filhos e mudaram-se para o núcleo de Nova Bassano, que

já ia crescendo, abrindo em uma grande casa de madeira na qual moravam uma espécie


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de hospedaria . Carlo era sacristão, não era muito afeito aos trabalhos pesados na

agricultura rudimentar, era muito franzino, por isso optou por outro trabalho que não o

rural.

A família era numerosa: Catterina(1882) minha avó, casou-se com Pellegrino

Seganfredo, o primo, Amália(1885) casou-se com Augusto Segalin, Maria (1886)

casou-se com Natale Luigi Signori, Cirillo(1888) casou-se com Maria Thereza Soccol,

Assunta(1890) casou-se com Angelo Zandoná, Lino (1893) casou-se com Thereza

Parisotto, Livia ( 1896) casou-se com Francisco Tecchio, Estes nascidos na Itália.

Esses abaixo nasceram em Nova Bassano.

Gilberto (1899) casou-se com Maria Tecchio, Florinda ( 1900) casou-se com Francisco

Tonini, Silvio ( 1902)casou-se com Palmira Vanzin, Luís (1904) casou-se com Elisa

Tedesco, Augusto ( 1907) casou-se com Maria Segalin.

Sobre a participação da família de Carlo em Nova Bassano podemos destacar Cirillo,

que quando jovem morou com o padre Pedro Colbacchini e era aluno do padre Antônio

Serraglia. A ideia era estudar e tornar-se padre. Voltou para a Itália para prestar o

serviço militar em Maróstica, já em 1910 retornou para o Brasil e em 1912 estava

trabalhando em São Paulo, em um lugar chamado Rio Claro , onde havia uma filial do

Instituto Cristóvão Colombo pertencente aos padres scalabrinianos. Depois da morte do

padre Antônio Seganfredo, cremos que pouco depois voltou para Nova Bassano onde

organizou juntamente com outros jovens a Banda Bassanense, Ele era o maestro.

Também podemos destacar a participação de Silvio Seganfredo na Cooperativa que

prestava serviços aos agricultores comercializando um pouco de tudo que era necessário

aos mesmos. De fumo de rolo , arame farpado, instrumentos de trabalho para a

agricultura, víveres , enfim um comércio de Secos & molhados, muito comum naqueles

tempos.

Com o passar dos anos muitos migraram para outros lugares do Rio Grande do Sul,

mas também para Santa Catarina e Paraná, porém ainda permanecem muitos

descendentes destas três famílias de pioneiros no povoamento de Nova Bassano.